sexta-feira, 29 março, 2024

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Reservatórios estão em melhor situação para meses de seca

Na última semana de maio, 11 barragens estavam com 100% do volume útil e outras 11 com mais de 90%

As chuvas que vem caindo com maior regularidade e quantidade nos últimos anos deixaram os reservatórios da Bahia em melhor situação para garantir a segurança hídrica da população nos meses de seca, principalmente na região semiárida do estado.

De acordo com dados do Informativo de Monitoramento de Barragens do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), na última semana de maio 11 barragens estavam com 100% do volume útil (V.U.), outras 11 com mais de 90% e nove com mais de 80% da capacidade de armazenamento.

Este ano nenhum dos 48 reservatórios acompanhados tem níveis abaixo de 10%, enquanto que no mesmo período de 2021, dois estavam com níveis próximos de zero.

Registros

No ano passado oito tinham 100% do V.U., três mais de 90% e 11 mais de 80%. No entanto, na comparação com a última semana de maio de 2017, primeiro ano do monitoramento sistemático das barragens pelo órgão, percebe-se que a situação hídrica veio melhorando no período.

Naquela oportunidade apenas três reservatórios tinham 100% do V.U. armazenados, cinco com mais de 90% e quatro com mais de 80%. Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pilão Arcado, João José de Carvalho, disse que há mais de 10 anos que Sobradinho, o maior reservatório do semiárido brasileiro não chegava a 100% do V.U., nível que alcançou em abril deste ano. Na última semana de maio o lago estava com 99,56% da capacidade.

Comparação

Ele comemorou a marca, reconhecendo, no entanto, que o volume atual já não é o mesmo da época da construção, na década de 1970 do século passado, por causa do assoreamento em toda a bacia. “A gente sabe que já chegou muita areia e a quantidade de água é menor, enquanto que os usuários só aumentam”, pontuou.

Com o próximo período de chuvas previsto para os últimos três meses do ano, a afluência e defluência do reservatório estão próximos de 1 mil metros cúbicos por segundo (m³/s) neste início de junho, mantendo o nível da água perto do máximo.

“O rio não desceu ainda e por isso as regiões de vazantes (áreas úmidas e férteis da planície do Velho Chico, usadas para roças pelos ribeirinhos) ainda estão cobertas de água, não permitindo o plantio”, explicou, salientando que as principais culturas são de subsistência.

A região de semiárido no entorno do lado é reconhecida pela produção de mel. Este ano, pelo desempenho das chuvas, as flores da caatinga colorem a vegetação em maior quantidade e devem proporcionar uma excelente produção de mel, conforme o produtor rural.

Segurança hídrica

Conforme o diretor de Recursos Hídricos e Monitoramento Ambiental do Inema, Eduardo Topázio, a última vez em que as condições dos reservatórios estiveram semelhantes ao atual momento foi há sete anos.

Ele pontuou que, apesar dos conflitos existentes entre pequenos e grandes usuários dos mananciais externos e subterrâneos (com retirada através de poços) em diversas regiões, “a lei é enfática ao defender a prioridade em caso de escassez, sempre para abastecimento humano e dessedentação animal”.

Novas obras

O diretor salientou ainda que existem alguns projetos para implantação de novas represas, em lugares que ainda não possuem reservatórios para armazenar as águas dos meses de chuva para o período de seca. “Mas enfrentamos muita resistência, porque tem pessoas que não aceitam a construção de barragens”, afirmou Eduardo Topázio.

Segundo o especialista em Meio Ambiente e Recursos Hídricos, além de adotar todas medidas de precaução na construção e manutenção, “é preciso considerar também a necessidade de represar a água, para garantir a segurança hídrica da população do entorno”.

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