quinta-feira, 18 abril, 2024

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Transtornos diários marcam vida de cadeirante em Salvador

Jaílson Carvalho, presidente da Associação Municipal e Metropolitana de Apoio aos Deficientes Físicos (Ampdef) aprendeu desde cedo a lidar com a deficiência. Aos 3 anos uma paralisia o deixou a mercê da cadeira de rodas, ocasionando uma série de dificuldades na vida, acentuadas com a perda da mãe.

Desde então, o funcionário público conta com a ajuda de amigos e da esposa para conseguir se locomover. Essa luta é iniciada desde a casa, onde o mesmo enfrenta problemas para se deslocar, por morar em uma ladeira, na Lagoa da Paixão, subúrbio da capital. “Só consigo sair da minha casa se tiver alguém para me ajudar a descer”, conta ele.

Após essa primeira barreira, a ida ao ponto de ônibus se torna cada dia mais perigosa, onde disputa espaço com veículos, além da dificuldade em conseguir manobrar a cadeira, por conta dos buracos na pista. “Todo este esforço repetitivo acaba gerando fortes dores nas costas”, lamenta.

Estes problemas estão presentes no cotidiano das pessoas com deficiência, com calçadas em péssimas condições e com obstáculos. Muitas vezes os deficientes físicos acabam tendo que se deslocar pela pista, por conta da falta de rampas de acesso e dos vendedores ambulantes, que acabam tomando conta dos passeios.

Este esforço repetitivo acaba gerando fortes dores nas costas

Jaílson Carvalho, cadeirante

 

Além disso, Jaílson relata não conseguir acesso a alguns supermercados, prédios públicos e privados, farmácias, em diversos bairros de Salvador, relatando que a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) libera os alvarás de funcionamento para estabelecimentos que não possuem acessibilidade para os deficientes, mesmo tratando-se de ser uma obrigatoriedade descrita por lei.

“Em alguns prédios até há rampas, porém não são adequadas, sem contar que tem desnível no asfalto, o que dificulta o cadeirante na questão do deslocamento, principamente quando está sozinho”, aponta o presidente da Ampdef.

“Sempre tem que ter alguém para ajudar a empurrar a cadeira, se não tem ajuda, não existe acessibilidade. Além de rampas mal planejadas, ainda tem lugares que contam com escadas”, lamenta.

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Faltam elevadores em ônibus e muitos não funcionam

Em dezembro de 2004, a Lei de Acessibilidade (Decreto 5.296/04) estabeleceu normas gerais e critérios básicos no País para melhorar a acessibilidade.

A legislação é bastante ampla e abrangente, e tem incentivado as cidades a se tornarem mais acessíveis. Por exemplo: a lei requer que todos os ônibus adquiridos para o serviço público depois de 2004 sejam adaptados para deficientes. Porém, a realidade é bem diferente.

Dentre os pontos cobrados à prefeitura pelos deficientes, a questão da fiscalização e manutenção dos elevadores nos coletivos é uma das principais dificuldades enfrentadas pelos cadeirantes, que perdem compromissos por não conseguirem coletivos equipados e, quando conseguem, muitos estão quebrados, sendo preciso a ajuda de pessoas para  entrar nos ônibus.

O secretário de Mobilidade, Fábio Mota, diz que os ônibus passam por duas vistorias no ano para verificação das condições dos veículos.

Segundo o presidente da Ampdef, Jaílson Carvalho, os ônibus municipais e intermunicipais não possuem rampas, mesmo tendo a marca dos deficientes estampadas.

O cadeirante alega “falta de condição humana” para enfrentar  viagens de ônibus entre cidades.

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